quarta-feira, 13 de maio de 2015

Fertilidade: Porque é que a idade pode ser um obstáculo?

Há cada vez mais casais a procurar ajuda para a realização de tratamentos de fertilidade devido à idade "avançada" da mulher. É um facto que hoje em dia a mulher tem o primeiro filho muito mais tarde. Para terem uma ideia, na década de 70 a idade média das mulheres portuguesas quando nasceu o primeiro filho foram os 24,4 anos e em 2014 essa idade média passou a ser os 30 anos (Fontes/Entidades: INE, PORDATA, dados atualizados em: 2015-04-30).

Creio que todos nós sabemos ou pelo menos temos uma ideia quais os fatores que estão a condicionar esse adiamento da maternidade: procura de maior estabilidade pessoal, financeira, concretização dos estudos, entre outras. Mas será que todos sabemos quais são as consequências de um projeto de maternidade tardio? Penso que não... ou então esquecemo-nos (eu incluida que também fui mãe depois dos 35 anos!). Uma das possíveis consequencias é a infertilidade e outra é que as mulheres acabam por ter menos filhos do que aqueles que desejariam ter.


QUAL A INFLUÊNCIA DA IDADE NA FERTILIDADE FEMININA?

  • GASTO DA RESERVA DE OVÓCITOS

As mulheres ao contrário dos homens nascem com os seu ovócitos para o resto da vida e vão gastando-os à medida do tempo. Um feto feminino às 18-20 semanas de gestação tem aproximadamente 6 a 7 milhões de células germinais (que vão originar os ovócitos) nos seus ovários. No momento do nascimento, esse número decresce para os 1-2 milhões!!! No início da puberdade, o número de ovócitos reduz-se aos 400.000 - 500.000 dos quais somente 400 a 500 chegam a ovular.

Durante cada ciclo menstrual são "gastos" vários folículos mas apenas um deles é destinado a ovular. Os restantes irão degenerar e desaparecer por morte celular programada. Nos 10 a 15 anos que antecedem a menopausa  (altura em que existem aproximadamente 25000 ovócitos) o gasto de folículos em cada ciclo menstrual é ainda maior. Ou seja, com o avançar da idade as mulheres vão ficando cada vez com menos ovócitos. Infelizmente, algumas mulheres mesmo antes de chegarem aos 35 anos já são diagnósticadas com falência ovárica precoce.


  • ALTERAÇÕES DOS OVÓCITOS

Por outro lado, com o avanço da idade, existe um aumento do número de alterações cromossómcas nos ovócitos que conduzem a alterações no cariótipo dos embriões (alterações cromossómicas). As alterações mais frequentes associadas a idade materna avançada (depois dos 38 anos) são; trissomia dos cromossomas 13, 14, 16, 18 e 21 e uma monossomia do cromossoma X. Como consequência as mulheres destas idades acabam por ter mais abortos do que as mais jovens.



Mas será que o útero também envelhece tão rapidamente quanto os ovários?

A resposta é: não. Diversos estudos realizados com mulheres rectoras de ovócitos de dadoras puderam verificar que a recetividade do útero era constante até aos 45 anos mas que a partir dos 45 até aos 50, a capacidade de gravidez das mulheres caia de forma abrupta. A justificação para a diminuição da taxa de gravidez era justificanda pela redução da recetividade do endométrio a apartir dessa idade.

Em resumo, podemos dizer que a quantidade e a qualidade dos ovócitos diminui a partir dos 35 anos. No entanto, a recetividade do útero só parece estar comprometida a partir dos 45 anos.


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