Diminuição da fertilidade feminina: quando e porquê.
Todos sabemos que à medida que a mulher envelhece a sua
capacidade reprodutora começa a diminuir. Sabem porquê?
Redução da quantidade
de ovócitos
A mulher, ao contrário do homem, não produz ovócitos ao
longo da sua vida. Ela nasce com aproximadamente 1 a 2 milhões de ovócitos e a grande maioria desses ovócitos vai degenerando (morrendo) ao longo do tempo. Quando chega à puberdade tem entre
300 000 a 500 000; por volta dos 37 anos tem aproximadamente 25 000 e quando
chega aos 51 anos pode ter ainda 1 000 (altura em que geralmente as mulheres tem
a menopausa). Ou seja, a quantidade de ovócitos disponíveis para gerar um
embrião é cada vez menor! Apesar destes números nos parecerem astronómicos, e até podermos pensar que são suficientes para obter gravidez (dado que para gerar um embrião basta apenas um ovócito!), devemos ter em conta que em
cada ciclo menstrual são "gastos" vários ovócitos mas apenas um será libertado… há inclusive mulheres que "gastam" vários ovócitos num ciclo
menstrual e não chegam sequer a ter ovulação!
De facto, a grande maioria das mulheres com idade superior aos 40 anos que realiza tratamentos de fertilização in vitro, apresenta uma baixa reserva ovárica e em geral quando realiza ciclos de reprodução assistida são poucos os ovócitos que conseguem produzir.
De facto, a grande maioria das mulheres com idade superior aos 40 anos que realiza tratamentos de fertilização in vitro, apresenta uma baixa reserva ovárica e em geral quando realiza ciclos de reprodução assistida são poucos os ovócitos que conseguem produzir.
Diminuição da qualidade ovocitária
Outra das causas principais para a perda da fecundidade da
mulher é a diminuição da qualidade dos ovócitos produzidos. Esta diminuição
começa a sentir-se de forma gradual por volta dos 32 anos e a qualidade dos
ovócitos decresce de forma abrupta a partir dos 37 anos. Esta perda de qualidade
traduz-se por um aumento da hormona FSH no sangue, e uma diminuição dos
níveis da hormona antimulleriana e da inibina B. Razão pela qual é importante
fazer um doseamento destas hormonas para avaliar a função ovárica
(principalmente a anti-mulleriana também conhecida como HAM ou AMH).
Ou seja, a diminuição da quantidade de ovócitos e a perda da qualidade dos mesmos conduzem ao declínio da fertilidade feminina com o envelhecimento.
Um estudo feito recolhendo dados vários países sobre a fecundidade das mulheres casadas que não usavam qualquer método anticonceptivo veio corroborar o declínio da fertilidade com a idade da mulher. No gráfico obtido (fig 1), em que está representada a taxa de fecundidade das mulheres casadas em função da idade da mulher, pode-se observar, que existe um declínio "suave" da fecundidade entre os 32 e os 36 anos e que aproximadamente a partir dos 36 a fecundidade cai de forma abrupta!
Fonte: Science. 1986 Sep 26;233(4771):1389-94.
Por outro lado, convém mencionar que à medida que a mulher envelhece aumenta também a probabilidade de aparecerem outros factores de risco que podem comprometer a sua fertilidade: doenças nas trompas de Falópio, endometriose, etc.
Resumindo, é muito importante que os profissionais de saúde informem as suas pacientes nas consultas de planeamento familiar sobre o declínio da fecundidade com a idade.
Também é importante que as mulheres com idade superior a 36 anos sejam avaliadas após 6 meses de tentativas falhadas para engravidar e que as mulheres com idade superior a 40 anos sejam avaliadas quando pretenderem engravidar.
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