sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ser pais depois de um cancro é possível, mas…

Quando é diagnosticado um cancro a um doente jovem, a sua primeira preocupação será certamente a de sobrevivência e não a preservação da sua fertilidade. Contudo, e dado os avanços nos tratamentos oncológicos, as taxas de sobrevivência destes doentes são cada vez maiores e como consequência há cada vez mais casais que vêm posteriormente a consultas de infertilidade porque um dos membros já passou por um tratamento deste tipo.


Sabe-se que a quimioterapia e a radioterapia podem comprometer para sempre a fertilidade de um doente. No caso das mulheres, podem induzir a diminuição de hormonas levando a uma menopausa precoce. No caso dos homens, pode afectar as células espermáticas conduzindo a uma diminuição no número de espermatozóides. A maioria destas situações são irreversíveis, ou seja, os doentes podem ficar estéreis para sempre. Por essa razão, e sempre que o pronóstico de tratamento dos doentes for bom, deve pensar-se no futuro do doente e uma das opções que se lhe deveria apresentar antes de se submeterem a tratamentos oncológicos é a possibilidade de preservar a sua fertilidade. No caso dos homens seria necessário congelar amostras de sémen antes do início da quimioterapia ou da radioterapia. No caso das mulheres, os tratamentos de preservação de fertilidade são mais complexos e podem ser, a congelação de ovócitos (ou de embriões, caso tenha parceiro) e/ou a congelação do córtex ovárico. Para fazer a congelação de ovócitos, a mulher tem que ser submetida a uma estimulação ovárica, no final da qual se extraem os ovócitos e aqueles que forem maduros serão congelados por vitrificação. Estes ovócitos permanecerão congelados até que a mulher esteja curada e manifeste o desejo de ser mãe, tendo que se submeter após a descongelação dos ovócitos a um tratamento de procriação medicamente assistida. Torna-se pois importante que haja uma sensibilização dos médicos oncologistas para a preservação da fertilidade dos seu doentes pois, apesar de não ser uma garantia de uma gravidez futura, será certamente um recurso a utilizar no caso dos doentes se apresentarem inférteis após os tratamentos oncológicos.

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